domingo, 25 de setembro de 2011

Modelos de Comunicação & Fontes



OS MODELOS DE COMUNICAÇÃO E SEUS FUNDAMENTOS TEÓRICOS

O primeiro e mais simples modelo de comunicação foi o de Shannon e Weaver (1949), atribui ao emissor a autoria da mensagem que transita por um canal em um código até o receptor. O conteúdo informado em uma matéria jornalística seria algo produzido pelos jornalistas, da mesma forma que um quadro de Van Gogh expressa o mundo íntimo de Van Gogh. Não é o que ocorre. Entre o fato e a versão jornalística que se divulga, há todo um processo de percepção e interpretação que é a essência da atividade dos jornalistas.


Já o modelo de comunicação criado por George Gerbner(1956), estabelece a prioridade dessa função de representar subjetivamente a realidade antes de transmiti-la. A percepção da realidade, sua transformação em modelos mentais (grosseiramente no E1 do esquema de Gerbner), e depois em proposições linguísticas, fotografias ou imagens editadas em movimento, não é tarefa de um só homem. Ela começa exatamente na fonte, que formula uma primeira representação do será levada adiante. Cada indivíduo da cadeia informativa entende a realidade conforme seu próprio contexto e seu próprio estoque de memória.

Perceber a realidade é construir um modelo mental delas. A Teoria dos Modelos, de Philip Johnson-Laird, aborda essa questão em detalhes. Modelos mentais são análogos estruturais do mundo: dão conta de relações estáticas e dinâmicas entre objetos, ações e estados; descartam aspectos não-revelantes da realidade para captar os relevantes. Tomados como hipóteses mais ou menos confiáveis, refletem crenças das pessoas, adquiridas por observação, informação ou inferência.

No âmbito da Teoria da Cognição, modelo mentais são concebidos como entidades computáveis e finitas, construídas a partir de elementos (ou tokens)que representam objetos e de relações. Esse é o objeto essencial ou básico a que se reportam as mensagens da fonte ou repórter.



BIBLIOGRAFIA
LAGE, Nilson. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O ofício do JORNALISMO




No início do século XVII, o padrão do texto informativo era o discurso retórico, aplicados desde tempos remotos para a exaltação do Estado ou da fé. Junto ao aparecimento das línguas nacionais europeias vieram seus grandes autores literários: Camões em Portugal, Cervantes e Quevedo na Espanha, Shakespeare e Milton na Inglaterra; Racine e Molière na França - eram as formas que se buscava imitar.

Com o surgimento da Revolução Industrial, o exercício do Jornalismo mudou significativamente em relação às condições que era produzido, a organização do trabalho e a expansão do comércio exigiam grande número de administradores, operários e técnicos, de preferência, alfabetizados. Por todo esse acontecimento, as tiragens dos jornais se multiplicaram, e para que fosse possível produzir um grande número de exemplares, a mecanização - chave da Revolução Industrial - chegou à indústria gráfica. Surgiu no início do século as impressoras rotativas de grande capacidade.


Em consequência da mecanização o custo de produção dos jornais aumentou e já não eram financiados pelos seus leitores, como antes: emergia o mercado publicitário e com ele a ligação da imprensa com os interesses gerais da economia. Precisavam de anúncios e estes dependiam do número de leitores. Por isso era indiscutível a necessidade da mudança no estilo das matérias que eram publicadas, a retórica do jornalismo publicista era incabível para os novos leitores, sucessores da tradição de uma cultura popular mais objetiva.

O Jornalismo dessa época pode ser classificado em duas vertentes:

a) Educativo - ensinava às pessoas o que ver, o que ler, como se vestir, como se portar. Exibia os bons e alardeava os maus hábitos dos que ostentavam o poder.

b) Sensacionalista - para que se cumprisse a função sociabilizadora, educativa, era necessário atingir o público, envolvê-lo para que lesse ate o fim e se emocionasse. A realidade deveria ser tão apreciada quanto a ficção, e o modelo para isso era a literatura novelesca: sentimentalismo para as moças, aventura para os jovens; o exótico e incomum para todo o povo.



A REPORTAGEM E SEU APARELHO: O REPÓRTER

Se perguntarmos às pessoas quem é a figura humana representativa do Jornalismo, a maioria responderá: O Repórter. Se questionarmos aos jornalista quem é o mais importante na redação, ele dirá: o Repórter.

O jornal que publicasse o relato de um fato de interesse público antes que seu concorrente, consequentemente ganharia a preferência dos leitores em geral para as próximas edições. Desse modo, descobriu-se a importância dos títulos que são como anúncios do texto, e dos furos, notícia em primeira mão.



Conflitos eram inevitáveis, à medida que a figura do repórter se definia, já não se podia tratar os protestos como caso de polícia, desviar fundos públicos ou massacrar o povo sem que a população soubesse. Os repórteres passaram a ser bajulados, temidos e odiados. A reportagem pôs em primeiro plano novos problemas, como distinguir o que é privado de interesse individual, o que é público de interesse coletivo, o que o Estado pode manter em sigilo e o que não pode; os limites éticos do comércio e os custos sociais da expansão capitalista.


Fundaram-se os cursos superiores de Jornalismo e obtiveram por meio da pesquisa acadêmica padrões para a apuração e o processamento de informações. Determinara-se que a informação jornalística deveria reproduzir os dados obtidos com as fontes, que os testemunhos de um fato teriam que ser confrontados uns com os outros a fim de se obter a versão mais próxima possível da realidade - a lei das três fontes: se três pessoas que nunca mantiveram contato contam a mesma versão de um fato que presenciaram, esta pode ser tomada como verdadeira - que a relação com as fontes deveria basear-se apenas na troca de informações e que seria necessário, nos casos controversos, ouvir porta-vozes de diferentes interesses em jogo.


A notícia ganhou sua configuração atual, copiando o relato oral dos fatos singulares, que, desde sempre, baseou-se, não na narrativa em sequência temporal, mas na valorização do aspecto mais importante de um evento. No caso do texto publicado, a informação principal deve ser a primeira, na forma de lead - tempo, lugar, modo, causa, finalidade e instrumento. Desencadeou-se uma campanha uma campanha permanente contra a linguagem retórica e destacou a importância da ética como fator de regulação da linguagem jornalística.



O repórter está onde o leitor, ouvinte ou espectador não pode estar. Tem uma concessão ou representação implícita que o autoriza a ser os ouvidos e os olhos remotos do público, selecionar e lhe transmitir o que possa ser interessante. Esse encargo pode ser determinado como agente inteligente, isto é, ter autonomia, operar sem intervenção direta de seu contratante; ter habilidade social, ou seja, interagir com outros agentes, desenvolvendo, para isso, competência comunicativa; ser reativo - perceber o meio que atua e responder em tempo aos padrões de mudança que ocorrem nele; e ser capaz de tomar a iniciativa, comportando-se de modo a cumprir sua tarefa.


Quanto à inadaptação aos interesses dos leitores, o problema surge quando o jornalista trabalha em veículos com propósitos a grupos de pessoas diferentes dele mesmo - diferenças de classe social, etárias, culturais ou de hábitos. Comumente a referência para se saber o que o leitor gostaria de ler são pesquisas de opinião, quantitativas (estatísticas)ou qualitativas (em grupos menores que aprofundam um tema). 




BIBLIOGRAFIA
LAGE, Nilson. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística